Sincretismo Religioso. Já ouviu falar?
Você é ou conhece alguém que tenha devoção à Nossa Senhora Aparecida? No Brasil muita gente busca por paz e proteção em nossa padroeira.
O que você talvez não saiba é que a orixá Oxum, cultuada em religiões de matriz africana como Umbanda e Candomblé, também pode trazer muita força e luz para quem tem fé em Nossa Senhora da Conceição Aparecida (seu nome completo).
Essa afinidade entre entidades e santos é o assunto deste post.
Para escrever sobre essa prática, convidei a minha amiga baiana Lorena Gonzalez, umbandista, que também faz trezena de Santo Antônio e, assim como eu, acredita que tudo está conectado e faz parte da mesma energia criadora.
Com a palavra, Lorena. ❤
“Muita gente sabe que Sincretismo Religioso é a fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas. Mas você já parou para pensar como ele surgiu no Brasil? Pois bem, vou te contar.
Começou junto com o processo da colonização. Antes da chegada dos portugueses, o Brasil era povoado pelos índios, que cultuavam a natureza e seus antepassados.
Quando os europeus chegaram, inúmeras referências do Catolicismo, religião praticada em Portugal, vieram junto. Paralelo a esse movimento, o povo africano, também predominante em nossa miscigenação, por sua vez, também trouxe aprendizados das religiões de matriz africana.
E como ficou toda essa mistura?
Não é segredo para ninguém que os portugueses obrigavam os escravos a cultuarem os seus santos católicos. Pensando em como poderiam fazer para continuar se conectando com seus ancestrais sem serem penalizados, acharam uma solução: cultuar as imagens católicas, mas fazendo referências aos seus orixás. E foi assim que nasceu o Sincretismo Religioso no Brasil.
Um exemplo claro e atual que temos dessa representação viva do sincretismo é a festa do Senhor do Bonfim em Salvador, na Bahia. A celebração é a mistura do Catolicismo com o Candomblé. Uma comemoração que, hoje, representa a tolerância e o respeito à fé, o que independe da religião consagrada.
Pela crença católica, como Senhor do Bonfim entende-se Jesus Cristo crucificado em ascensão divina. Durante a festa, a escadaria da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim passa por uma lavagem, feita pelas baianas, com água de cheiro – uma mistura de água com folhas e flores – que limpa os degraus com a energia de Oxalá.
Pelo Sincretismo Religioso, Oxalá – orixá cultuado no Candomblé – é Senhor do Bonfim – santo católico.
Uma festividade que leva milhares de pessoas a percorrerem seus 8km em agradecimento, fé e saudação ao Senhor do Bonfim.
Viva Senhor do Bonfim! Èpa, babá Oxalá!”
Pensar que tudo começou quando os escravos foram forçados a encontrar uma maneira de poder seguir com suas práticas religiosas nos faz refletir sobre muitas coisas, não é?
Se hoje todos os fiéis participantes da festa se vestem de branco, em referência e homenagem a Oxalá, evocando o bem, a proteção, a felicidade e a paz, fica difícil imaginar como seriam os cultos religiosos no Brasil hoje se os portugueses tivessem conseguido realmente impedir os negros de praticarem sua fé.
Aliás, isso me faz lembrar de uma conversa com uma amiga minha candomblecista, onde refletíamos sobre a tradição de pular as 7 ondinhas de branco na passagem do ano. Um costume que tem ligação direta com a orixá mãe Iemanjá e é praticado, inclusive, por pessoas com intolerância religiosa. Pois é… que falta de conhecimento! E que tristeza pensar que essa intolerância existe.
É como eu sempre digo. Na minha forma de pensar, se abrir é um caminho sem volta. Oxi! E pra que eu voltaria?!
Respeitar as crenças, tudo e a todos! Conhecimento e empatia!
Lorena poderia nos mostrar mais sobre a “equivalência” de outros santos/orixás.
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Vou pedir pra ela. ; )
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