Como a vivência de dois abortos seguidos reacenderam a minha essência.

Eu sempre fui mente aberta e, como geminiana com ascendente também no signo da dualidade, da comunicação e do conhecimento, nunca fui do tipo de acreditar em uma coisa só. Lembro que com 15 anos fiz uma amiga Wicca* na escola e fiquei fascinada com suas histórias. Nascida em família católica e filha de mãe que já foi do Opus Dei e hoje não é mais, me acostumei, desde nova, a olhar a fé como algo que transcende as religiões. Lembro uma vez que, em época de Opus Dei, minha irmã do meio, Gabi, que sempre se espelhou muito em nossa mãe, entrou no meu quarto com um CD do Padre Marcelo Rossi, dizendo que eu deveria ouvir a palavra de Deus. Ela era pequena, mas já sofria com uma alergia de pele muito forte. E minha irmã mais nova tinha acabado de nascer. A pequena Gabi se sentia excluída e se coçava cada vez mais. Ela cantava a parte dos “animaizinhos que subiam de dois em dois” toda feliz. Acho que ela escolheu aquele CD como um amuleto que lhe fazia bem. Algo em que se apoiava para lidar com os sentimentos que estava vivendo. E ao compartilhar comigo, ela queria que me elevasse também. Naquele dia eu percebi que a gente tem o poder de inspirar as pessoas e de espalhar a fé, seja ela qual e como for, desde que nos traga bem-estar, confiança e conforto. Minha irmã, mesmo pequena, filtrou das práticas da minha mãe o que lhe fazia sentir forte e quis me tocar com aquela energia também. E essa sementinha ficou guardada em mim, esperando a hora de florescer.

Vários anos se passaram daquele dia. Hoje a Gabi, com 27 anos, é uma poeta empoderada, feminista de dar orgulho. Para a mamãe, a meu ver, a melhor definição, no sentido da fé, é “Cristã”. Ela continua seguindo preceitos do Catolicismo, mas também é frequentadora de centros espíritas Kardecistas, por exemplo. E mesmo não estando mais alinhada às pregações do Opus Dei, é grata pela experiência vivida, pois foi através dela que chegou até aqui com a cabeça de hoje. E eu? Ah… eu em meus 33 percebi que as duas tempestades que eu vivi nos últimos meses serviram para regar e fazer brotar aquela sementinha. Lembram dela?

Foi assim. Em dezembro de 2019 descobri que estava grávida. Eu e o Dani, meu companheiro, já estávamos começando a pensar em aumentar a família. Foi uma surpresa muito emocionante. Eu, que trabalhava entre 10h e 12h por dia, consegui, naquele positivo, por dias seguidos dar atenção a algo que não fosse o trabalho ou às outras várias obrigações diárias que eu tinha na minha vida Paulistana. E eu adorava minha rotina. Mas aquela nova sensação era tão maior, que nada era mais importante. Só que o que normalmente duraria 9 meses, para mim durou 2 semanas. Para encurtar a história, no dia 23 de dezembro de 2019, em pleno clima de Natal (ou não, né) eu e o Dani estávamos no Pronto Socorro para confirmar o que a gente não conseguia nem pronunciar em voz alta: um aborto espontâneo. Não foi fácil. Veio Natal, festa de Ano Novo em família e eu me sentia super esquisita. Ao mesmo tempo que estava feliz em ter todo mundo que eu amava, com saúde, perto de mim, sentia muita fraqueza e vontade de chorar toda hora. Por mais que eu pensasse “era para ser assim” – e, de verdade, eu acreditava (e ainda acredito; aliás, hoje muito mais que antes) nisso – era difícil se conformar por completo. Eu tomava remédio para ansiedade, pois trabalhava muito e não sabia controlar a ansiedade naturalmente. Em fevereiro de 2020 assumi que, por mais que eu estivesse tentando levar tudo na normalidade, não estava conseguindo. Tive que aumentar a dose do remédio. Março chegou e eu já estava me sentindo um pouco mais forte. E, pumba, pandemia! Depois de 15 dias em São Paulo, eu e Dani resolvemos que ficar na casa dos meus pais no interior seria a melhor opção, inclusive para a Teka, nossa pequenina de 4 patas. Estar próxima da natureza me fez um bem danado. E poder comer comida de mãe todo dia, então? Agradecer todos os dias era tudo o que eu podia fazer.

O mês de abril trouxe outro positivo. Meu Deus, eu estava grávida de novo. Depois de uma semana, entre o exame de sangue para confirmação e conversas com a minha ginecologista, eu já estava no Pinterest vendo referências de como seria o quartinho do bebê. Diminui de novo a dose do ansiolítico. No Dia da Mães, em maio, eu já estava me sentindo a mãe mais feliz do mundo. Mas aquele maio não seria um mês fácil. Foram 3 exames de ultrassom e nada de ver o bebê. Eu, que nunca tinha ouvido falar de gravidez anembrionária, estava vivendo uma. Impossível explicar a minha sensação no dia 4 de junho, quando o diagnóstico foi confirmado. Cheguei em casa e chorei o dia inteiro. Fiquei entre a cama e o banheiro, pois o sangramento era intenso. No dia seguinte, acordei e fui até a Dona Olga, uma senhora que admiro muito e que trabalha com terapias holísticas e tarô**, com quem eu já havia feito uma consulta tempos atrás. E que acolhedor foram os braços da querida Dona Olga. A leitura daquele dia trouxe muitas informações importantes. Foi quando iniciei um tratamento com florais. Vocês lembram quando eu tive que aumentar a dose do meu remédio de ansiedade após a vivência do primeiro aborto? Hoje estou escrevendo esse post (eu, que não conseguia nem digitar as palavras “aborto espontâneo” para pesquisar no Google) tomando a dose reduzida do meu ansiolítico e complementando com os florais. Sai da consulta confiante e com mais clareza do que o plano espiritual estava preparando para mim.

Bom… dia 12 de junho estava chegando, meu aniversário. Minha madrinha, que sempre foi um anjinho em minha vida, me deu de presente uma leitura completa de mapa astral e previsões. Foi quando eu conheci a Cris***. Eu que sempre amei astrologia, fiquei ansiosa esperando ela entrar em contato comigo. Minha dinda havia passado para ela apenas minha data e horário de nascimento. Sem conhecer nada da minha personalidade e da minha história, a Cris foi me dizendo coisas que faziam tanto sentido, que eu senti como se ela estivesse traduzindo uma mensagem do universo pra mim. Entre outras coisas, falamos sobre o posicionamento, em meu mapa, do Sol em oposição à Lua. Podem existir várias interpretações sobre esse posicionamento, dependendo do restante do mapa. No meu caso, enxerguei algo que explicava muito do que eu estava vivendo. Sendo o Sol a energia do masculino e a Lua a representação do feminino, eu percebi que na minha vida eu estava dando muito mais espaço ao Sol. Sem perceber, eu vivia uma rotina que pouco me permitia ter conexão com o meu feminino. Reforçando no dia a dia, sem perceber, inúmeros conceitos do patriarcado. E como no meu mapa natal a Lua está em oposição ao Sol, acabaria chegando a hora disso vir à tona.

Então a Cris me indicou conhecer mais sobre o trabalho da Carol Lana, do Curandeiras de Si****. Descobrir a Ginecologia Natural abriu um mundo mágico para mim. Comecei a entender sobre a cura através de saberes ancestrais. Fiquei encantada. Conforme fui me abrindo, coisas inexplicáveis foram acontecendo (farei outros posts contando essas experiências). E comecei a sentir algo único. Quando lembrei que na consulta com a Dona Olga, ela me disse sobre eu ter sido Sacerdotisa em outras vidas. Tudo foi se conectando de uma forma tão forte, que, um dia, sozinha, meditando, agradeci as experiências abortivas que eu havia vivenciado. Se tudo isso não tivesse acontecido, eu não estaria aqui hoje. Lembram daquela sementinha que eu disse no início do texto? O espiri.A.tual nasceu disso tudo. Hoje eu vejo como uma missão de vida compartilhar tudo o que eu tenho vivido e os trabalhos de mulheres incríveis que eu tenho conhecido, com o objetivo de levar a outras pessoas essa descoberta, esse florescer.

Então, se você está passando por uma situação parecida ou até outro tipo de luto… eu recomendaria tentar se abrir para este tipo de experiência. Hoje eu acredito que a maternidade será diferente pra mim, depois de ter vivido tudo isso e me conectado ao sagrado feminino. Me fortalecer na minha ancestralidade, sentir o poder da Mãe Terra, ter aprendido a entender meu ciclo menstrual, observar melhor os sinais do meu corpo e me respeitar mais, ter começado meu diário lunar e conseguir escrever sobre as percepções e sonhos em cada fase da lua externa (a que está no céu) e como essas emoções fazem conexão com a minha lua interna (como chamamos a fase menstrual do ciclo da mulher)… enfim… tudo isso e mais tantas outras coisas que aprendi nesses últimos 9 meses me fizeram renascer como mulher. E, gente, estou arrepiada! Enquanto escrevia esse parágrafo percebi que de dezembro de 2019 até hoje se passaram quase 9 meses. O tempo de uma gestação. É. Eu realmente renasci.

Hoje eu falo com segurança, mana: acredite! Claro, o desafio de cada uma é único. O meu era me apropriar do meu feminino. O seu pode ser esse também ou qualquer outro. Você tem que estar aberta a escutar o que só você pode ouvir, sendo capaz de entender como o universo está falando com você. Já ouviu falar de constelação familiar e olhar sistêmico? Tá aí outro estudo que me ajudou a chegar até aqui. Mas os detalhes desse processo também vão ficar para outro post.

A verdade é que o chamado veio para mim duas vezes. Eu consegui ouvir na segunda vez, com a ajuda de anjos como minha madrinha, a Cris, a Dona Olga… Mas o segredo é: estar aberta. Sem preconceito e confiante que, realmente, nada acontece por acaso.

*Você conhece a Wicca? Em breve, vou indicar algumas páginas de bruxas que eu sigo e que compartilham muitos rituais incríveis.

**Minhas experiências com tarô ficarão para outro post, inclusive o que a Dona Olga havia me dito na primeira consulta que eu fiz, antes de pensar em gravidez. Nesse post, darei também o contato dela para vocês. : )

***Em breve vocês também conhecerão a Cris, astróloga que abriu um mundo para mim com a leitura do meu mapa natal. Maravilhosa e super sensitiva, a Cris está sempre em minha agenda. Qualquer necessidade que sinto, recorro a ela. E ela acerta, hein. Eita, como acerta tudo, gente!

**** Vou falar muito da Carol e do Curandeiras de Si aqui nesse blog. Foi com ela e nessa rede de mulheres que aprendi sobre ciclicidade feminina. E foi através dos seus cursos que descobri como entrar em sintonia com o sagrado feminino.

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